Câmara retorna do recesso com sessão polêmica
Após o recesso de julho, os vereadores retomaram na tarde de quarta-feira (7), as sessões ordinárias. Com uma pauta extensa, 21 novos projetos de lei, 20 requerimentos e 10 indicações entraram no expediente da sessão. No entanto, o que chamou a atenção durante o retorno foi o discurso da vereadora presidente, Fátima Castro (MDB). Ela comemorou os 13 anos da Lei Maria da Penha, a qual trata da violência doméstica, lamentando ainda o fato que, mesmo inconscientemente, as violências contra a mulher de um modo geral são aceitas e muitas vezes tratadas com naturalidade pela sociedade e desabafou que vem sendo agredida moralmente e psicologicamente na Câmara.
"Aproveito a data de aniversário desta lei tão importante de proteção às mulheres, para registrar a minha indignação em relação aos fatos ocorridos neste plenário e fora dele". Segundo ela, tais atitudes não aconteciam em gestões anteriores, quando os presidentes eram do sexo masculino e que a fala foi motivada pelas situações que vem passando no Legislativo e também pelas discussões ocorridas durante a sessão extraordinária do dia 17 de julho.
Naquela ocasião, foi votado o veto do Poder Executivo ao Projeto de Lei 50/2019. Durante a sessão o vereador Gerson Sutil (PSB) defendeu que o veto não precisaria ser votado naquele momento. Porém, a vereadora manteve a votação, pois no entendimento da assessoria jurídica o veto deveria ser apreciado, pois o prazo determinando em Lei Orgânica já havia encerrado, portanto deveria ser votado na primeira oportunidade.
"Os vereadores Gerson Sutil, José Otávio Nocera e Neto Fadel bradaram que esta presidente estava descumprindo o regimento interno [...], não dando ouvidos aos vereadores, sendo contrária ao certo, tapando a boca dos conselheiros e tentando atropelar as coisas", disse Fátima. Segundo ela, as acusações são descabidas e que, durante sua gestão, ela tem priorizado o respeito ao regimento interno, a transparência dos documentos públicos e está aberta para receber e conversar com todos os vereadores.
Ao final da sessão, durante a palavra livre, o vereador Gerson Sutil (PSB) comentou sobre o assunto. "Quando a gente levanta uma questão de ordem ao presidente não é para ofender a pessoa, não é para fazer isso, o intuito é de não ferir o regimento interno e proteger os próprios vereadores", disse. "Peço desculpas se ofendi alguém, que as vezes no calor das palavras tiveram entendimento de ofensa", concluiu Sutil.
Já o vereador Neto Fadel (PTB) defendeu que a vereadora Fátima interpretou errado a fala dele. "Quando eu quis dizer que a presidente da casa calou, foi quando o vereador [Gerson Sutil] pediu educadamente para os conselheiros virem aqui expor a opinião de ambas as partes. No meu entendimento foram calados porque não tiveram nem esse direito", explicou.
O vereador Zé Nocera (MDB) também se defendeu durante a palavra livre. “Eu sempre critiquei, fiz alguma coisa, para a presidente, nunca envolvi sexo. Sempre a reconheci como presidente. Eu acho que [na sessão extraordinária] apenas expliquei o por quê eu votei o Projeto. Acho que a senhora foi muito ofensiva quando citou o meu nome, com coisas que não competem a mim”.
Ao final, a vereadora Fátima ressaltou a necessidade de deixar esse assunto de lado e que a Câmara volte a funcionar em harmonia. “Vamos trabalhar em favor do povo de Castro e deixar de picuinhas. A eleição para a presidência da Câmara acabou faz meses e temos um mandato a cumprir”, disse. “Espero que esse assunto morra aqui e que a gente possa começar uma nova era na Câmara de Castro, onde a gente volte a ter uma harmonia que nós já tivemos em tempos passados”, finalizou.