‘Dr. Lauro foi um homem à frente do seu tempo’

por Helcio — publicado 11/03/2020 00h35, última modificação 11/03/2020 13h58
Segundo presidente da Câmara, Fátima Castro, ex-prefeito foi exemplo de político e cidadão; vereador Miguel Zahdi Neto entregou a Bandeira do município a Glaci Ribas Lopes, esposa de Lauro Lopes

“Não tenho dúvida de que o Dr. Lauro foi um exemplo de político e cidadão, um homem à frente do seu tempo. E, agora, só podemos dizer: obrigado por tudo, Dr. Lauro”.

Assim, a vereadora Fátima Castro (MDB) sintetizou a homenagem feita ao advogado, ex-prefeito e ex-vereador Lauro Lopes, durante sessão solene póstuma realizada na manhã de segunda-feira (9), no Plenário da Câmara Municipal de Castro. Lauro faleceu na manhã do último domingo (8), entre o final da tarde e a manhã de segunda-feira.

“Era um homem simples e humano. Lembro que, na época da homenagem [quando Lauro recebeu o título de Cidadão Benemérito, em agosto de 2015], fiquei impactada com seu extenso currículo como vereador, administrador de nosso município e como cidadão atuante”, contou Fátima. “Eu nunca vou esquecer que quando foi oportunizada a fala ao Dr. Lauro Lopes, a tribuna estava posicionada ali [apontou para o local]. O primeiro gesto que ele fez – quem estava aqui vai se recordar –, ele se ajoelhou ao lado da tribuna e agradeceu a Deus a vida e as oportunidades, um extremo gesto de humildade”, continuou.

A sessão, que reuniu perto de 200 pessoas, entre familiares, autoridades, empresários, agricultores e pessoas da comunidade, iniciou com um minuto de silêncio. Em seguida, Fátima Castro, presidente da Casa, solicitou ao vereador Gerson Sutil (PSB) que prestasse a homenagem ao Lauro Lopes, representando os demais parlamentares. “Primeiramente, com toda a certeza do meu coração, eu digo que este é um momento de gratidão a Deus. Pela morte? Não, porque a morte faz parte da vida. Mas gratidão a Deus pelo privilégio que Ele nos concedeu, principalmente aos familiares – esposa, filhos, netos e bisnetos –, [...] de ter convivido com essa pessoa especial, sensacional, maravilhosa chamada Dr. Lauro Lopes”, disse.

“Senhores, eu quero que prestem atenção porque o texto é longo. E eu também não sabia que o texto era longo. Porque, na época em que este senhor foi prefeito e vereador, exerceu as mais diversas funções e cargos no meio da sociedade. E eu não imaginava que ele teria um currículo tão longo, uma história tão bonita, tão grande”, continuou Gerson, que leu, em seguida, o extenso currículo do Dr. Lauro. “Na sua gestão, destacou-se como o prefeito que mais escolas foram edificadas na história de Castro”, destacou o vereador, citando os locais que então receberam novas escolas: Socavão, Terra Nova, Serra do Apon, Herval do Xaxim, Maracanã, Ribeirão do Saltinho, Cigana, Capão Grande, Bairro dos Luiz, Lageado, Imbuial, Sítio Grande, Itaponhacanga, Lagoa dos Alves, Boa Vista dos Fornos, Água Morna, Canha, Ribeirão Frio, Varginha, Ribeirão dos Lemes, Quebrada Funda, Santa Leopoldina, Grutas, Invernada, Lagoa Vermelha, Limitão, Vila do Rosário e Escola Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Além de construção de novas salas nos colégios Estadual Major Vespasiano Carneiro de Melo e Agrícola Olegário de Macedo, Grupo Escolar Dr. Vicente Machado e Educandário Manoel Ribas, “entre várias outras que foram recuperadas”.

Em seguida, Fátima passou a palavra à deputada federal Aline Sleutjes (PSL), que foi vereadora por dois mandatos. “Eu tive a oportunidade, como o vereador Gerson falou em tribuna, de estar aqui na homenagem em vida [a Lauro Lopes] e eu acho que é muito importante quando a gente consegue passar para as pessoas, durante a sua vida, a importância que ela teve dentro do cenário municipal, da sua jornada de trabalho, da sua expetativa de vida”, disse Aline. “Ele foi um exemplo de político”, concluiu.

‘Companheiro’

Na sequência, o advogado Mozar Lopes contou algumas passagens da vida de seu pai. “É muito difícil a gente falar alguma coisa, depois de tudo o que foi falado, mas, pra nós, ele era o nosso pai, nosso avô, nosso bisavô, esposo da minha mãe, companheiro de toda uma vida”, disse, bastante emocionado. “A vida do pai é difícil de falar porque eu nunca vi o pai ganhar dinheiro no escritório. Ele não cobrava [de] ninguém. Pagava quanto pudesse pagar. Eu tive a felicidade e a honra de seguir a mesma profissão dele, passar depois pra minha filha, que também é advogada. Sempre fomos muito unidos na família, tivemos maravilhosos momentos”, contou.

Depois, foi a vez de Glaci Ribas Lopes. “A gente nunca foi de assistir [a] novelas. Ele achava que novela não era uma coisa muito boa pra família, principalmente para os jovens. Mas a gente sempre assistia ao esporte, principalmente o futebol. Só que ele era Flamengo, e eu sou Vasco. Mas ele sempre torcia pro Vasco por minha causa. Eu vou ser um pouquinho Flamengo por causa dele, mas não vou deixar de torcer pro Vasco”, contou. “Eu agradeço de coração a presença de todos vocês. Pra mim, não precisa rezar, porque eu tenho que ter força própria. Eu sou do dia 19 de março, dia de São José. Eu tenho muita força e coragem. Mas os filhos precisam de muita oração”, disse.

Legado

“O que falar de um homem como o Seu Lauro?”, perguntou o prefeito Moacyr Elias Fadel Junior (Patriota). “Ontem [domingo], conversávamos em família e eu falei pra minha esposa [a primeira-dama Michelle Nocera Fadel], ‘eu nunca vi o Seu Lauro falar alguma palavra que fizesse mal a alguém’. Uma pessoa do bem e que passou esse exemplo pra nós e pra essa família maravilhosa”, destacou. “Foi um prefeito respeitado, um prefeito dos humildes, dos pequenos produtores, das estradas rurais, das escolas rurais. Um homem a ser seguido como exemplo. Tenho certeza [de] que o Seu Lauro, onde está, vai nos abençoar e nos proteger para que possamos seguir o seu legado aqui na Terra”, concluiu.

“Peço licença aos meus primos para falar em nome dos netos de um modo geral e agradecer a oportunidade de a gente ter sido neta”, disse Mariele Lopes. “Mas não só um personagem que a gente chamava de avô. Ele ensinou tudo pra todo mundo. Ele estava na piscina, ensinava a gente a nadar. Ele pegava a gente no colo, levava [para] ver os bichos, ensinou a gente a andar a cavalo, ensinou quem tinha paciência a jogar xadrez, ensinou o que era paciência. Então, ele simplesmente foi o homem mais maravilhoso que a gente pode falar”, contou. “E, além de muitas pontes e escolas que vocês falaram que ele fez, ele também fez muito quartinho. Ele tinha uma adoração pra fazer quartinho e enchia todos com tudo”, completou.

Cortejo

Encerradas as falas, o último ato oficial da sessão foi a celebração das exéquias, conduzida pelo padre Martinho Luiz Hartmann, pároco da Igreja-Matriz de Sant’Anna. “Neste momento, quero saudar a família, o Seu Lauro Lopes, também prestar as minhas condolências e especialmente rezar, entregando nas mãos de Deus esse nosso irmão, que findou sua caminhada entre nós e volta para a Casa do Pai”, disse. “Rezemos para o seu descanso eterno, mas também para o consolo da família, dos demais parentes e amigos do Seu Lauro”, continuou.

“Deixamos, agora, um espaço para as últimas despedidas”, disse a vereadora Fátima Castro, após a bênção final dada pelo Padre Martinho. Em seguida, solicitou aos vereadores Paulo Cezar de Farias (PPS), Joel Elias Fadel (PSDB), Rafael Rabbers (DEM) e Dirceu Ribeiro (DC) para que procedessem à retirada da Bandeira do município de cima do caixão. Em seguida, informou que a Bandeira seria entregue à família, ressaltando que Lauro Lopes foi o responsável pela criação da Bandeira de Castro, através de concurso público idealizado e realizado à época do seu mandato como prefeito. “Agradeço a todos que aqui vieram para compartilhar da difícil missão de despedir-se deste político, amigo, esposo, pai, sogro, avô e bisavô, que, com sua vida honrada, honesta, sempre foi um grande destaque em nosso município e deixa um grande exemplo de vida a todos”, finalizou.

Após as despedidas, os vereadores Paulinho, Joel, Rafael, Dirceu, José Otávio Nocera (MDB) e Jovenil Rodrigues de Freitas (Pode) carregaram o caixão até o caminhão do Corpo de Bombeiros. Em seguida, o cortejo seguiu até o Cemitério Frei Mathias. Logo após o sepultamento, Fátima Castro, Gerson Sutil e Miguel Zahdi Neto (PTB) dobraram a Bandeira. Em seguida, Miguel entregou-a a Glaci Ribas Lopes.